Defensoria Pública de Alagoas pede revisão de indenizações da Braskem em ação Civil Pública

Ação busca garantir compensações justas para cerca de 60 mil vítimas do desastre na capital

Por Da Redação com Defensoria Alagoas 06/09/2024 - 11:34 hs
Foto: Divulgação


A Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE/AL) protocolou uma Ação Civil Pública (ACP) na 3ª Vara da Justiça Federal, visando revisar as indenizações por danos morais concedidas pela Braskem. A medida, apresentada na quarta-feira (4/9), pode beneficiar aproximadamente 60 mil vítimas afetadas pela mineração em Maceió, caso seja acatada.

 

 

Conforme o defensor público Ricardo Melro, a ação alega que a Braskem impôs acordos abusivos, incluindo a prática de "venda casada", resultando em indenizações lineares que desconsideram as especificidades de cada família impactada. O valor padrão de R$ 40 mil estabelecido pela empresa para danos morais ignora o impacto individual e fere princípios de igualdade e dignidade.

 

A Defensoria destaca que muitas vítimas, pressionadas pela urgência e pela falta de alternativas, aceitaram acordos que desconsideraram os danos psicológicos enfrentados, que incluem depressão e até suicídios, com relatos de pelo menos 11 óbitos confirmados por essa causa.

 

A ação pede que a Justiça declare nulos os acordos anteriores e que novas indenizações sejam calculadas de forma equitativa, levando em conta as necessidades individuais dos afetados. Além disso, a Defensoria ressalta a repercussão internacional do caso, com vítimas buscando justiça em tribunais na Holanda, alertando que a manutenção das práticas da Braskem pode comprometer a credibilidade do Judiciário brasileiro.

 

 

Ricardo Melro também conecta esta ação ao processo nº 0803836-61.2019.4.05.8000, que já tramita na Justiça Federal e está relacionado às indenizações anteriores. O defensor argumenta que a tragédia da Braskem envolve direitos coletivos e que a busca por reparação ainda está dentro do prazo legal.

 

A Defensoria menciona que a própria Braskem reconheceu sua responsabilidade na tragédia em depoimentos em uma CPI no Senado, e que os acordos estabelecidos até agora não respeitam os direitos fundamentais das vítimas.

 

O Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) manifestou apoio à ação, destacando a importância de garantir indenizações justas para as famílias afetadas. A Braskem, por sua vez, não foi citada diretamente na ação e se manifestará nos autos do processo, se necessário.